A sobrecarga feminina em tempos de quarentena e coronavirus

Em tempos de pandemia por coronavirus, temos recebido diversos relatos de mulheres a beira de um colapso. Isso porque nessa quarentena, muitas retornaram integralmente ao espaço da casa, com todas as tarefas que lhe são atribuídas: trabalho remoto, supervisionar as lições das crianças, fazer as tarefas domésticas. E, em muitos casos, acrescido dos homens, que também estão desempenhando trabalho remoto.

ilustra: Nathalie Jomard

Quantas mulheres se queixam que estão enlouquecendo com as supervisões dos deveres e da educação à distância? Com o aumento da demanda de trabalho? Com a divisão do espaço com o companheiro?

As mulheres são vistas como naturalmente cuidadoras porque assim são socializadas. Bonecas que fazem xixi, cocô, que comem e tomam mamadeira. Objetos de casa como vassouras, rodos e utensílios de cozinha, todos voltados para o público feminino, até mesmo na cor. Temos feito uma mudança na sociedade? Com certeza. Mas ainda socializamos muito mais as meninas nos cuidados com a casa, maternidade e saúde. Os homens, quando dividem integralmente as tarefas, são recompensados com elogios e mais elogios.

E o que dizer das mulheres divorciadas? Mães solos em tempos de quarentena e isolamento social?

Como estão conseguindo – literalmente – se virar em um país de desigualdades sociais? E as mulheres que perderam seus empregos ? Sobreviver sem perder sua saúde mental é fundamental. E agora eu me dirijo para quem conhece essas mães. E dou uma dica, como mãe solo: tente ajudar! Mapeie quem são elas na sua rede. Ligue. Pergunte como estão. Se puder ajudar com entregas ou compras, faça sua parte.

E as que sempre estiveram no interior dos lares? Provavelmente agora elas estão com uma sobrecarga.

A família inteira dentro de casa e, em geral, com a concepção de que é “dever” dela fazer as tarefas da casa. É essencial nos darmos conta de que esse trabalho não tem remuneração e agora as tarefas se multiplicaram. Como oferecer ajuda? Pergunte-se.

Fato é que em uma sociedade que ainda precisa caminhar muito nas questões feministas, existem mulheres sobrecarregadas. O que podemos fazer? Em primeiro lugar, enxergá-las. Depois escutá-las e, em seguida, ver como podemos ajudar.

Como superar essas questões em tempos de distância, isolamento e quarentena? Dialogando, repensando e entendendo que o papel da mulher não é cuidar. Cuidar é tarefa coletiva. Esse é um grande aprendizado desses tempos de pandemia: cuidar de mim para cuidar de nós.

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