Em tempos de pandemia por coronavirus, temos recebido diversos relatos de mulheres a beira de um colapso. Isso porque nessa quarentena, muitas retornaram integralmente ao espaço da casa, com todas as tarefas que lhe são atribuídas: trabalho remoto, supervisionar as lições das crianças, fazer as tarefas domésticas. E, em muitos casos, acrescido dos homens, que também estão desempenhando trabalho remoto.
Quantas mulheres se queixam que estão enlouquecendo com as supervisões dos deveres e da educação à distância? Com o aumento da demanda de trabalho? Com a divisão do espaço com o companheiro?
As mulheres são vistas como naturalmente cuidadoras porque assim são socializadas. Bonecas que fazem xixi, cocô, que comem e tomam mamadeira. Objetos de casa como vassouras, rodos e utensílios de cozinha, todos voltados para o público feminino, até mesmo na cor. Temos feito uma mudança na sociedade? Com certeza. Mas ainda socializamos muito mais as meninas nos cuidados com a casa, maternidade e saúde. Os homens, quando dividem integralmente as tarefas, são recompensados com elogios e mais elogios.
E o que dizer das mulheres divorciadas? Mães solos em tempos de quarentena e isolamento social?
Como estão conseguindo – literalmente – se virar em um país de desigualdades sociais? E as mulheres que perderam seus empregos ? Sobreviver sem perder sua saúde mental é fundamental. E agora eu me dirijo para quem conhece essas mães. E dou uma dica, como mãe solo: tente ajudar! Mapeie quem são elas na sua rede. Ligue. Pergunte como estão. Se puder ajudar com entregas ou compras, faça sua parte.
E as que sempre estiveram no interior dos lares? Provavelmente agora elas estão com uma sobrecarga.
A família inteira dentro de casa e, em geral, com a concepção de que é “dever” dela fazer as tarefas da casa. É essencial nos darmos conta de que esse trabalho não tem remuneração e agora as tarefas se multiplicaram. Como oferecer ajuda? Pergunte-se.
Fato é que em uma sociedade que ainda precisa caminhar muito nas questões feministas, existem mulheres sobrecarregadas. O que podemos fazer? Em primeiro lugar, enxergá-las. Depois escutá-las e, em seguida, ver como podemos ajudar.
Como superar essas questões em tempos de distância, isolamento e quarentena? Dialogando, repensando e entendendo que o papel da mulher não é cuidar. Cuidar é tarefa coletiva. Esse é um grande aprendizado desses tempos de pandemia: cuidar de mim para cuidar de nós.