Tá ai um assunto que jamais achei que escreveria por aqui: o uso ou não do sutiã na quarentena. Até porque não havia parado pra pensar nisso por um minuto sequer. Usar sutiã é tão automático para mim que trazer essa decisão para consciência é algo que eu não me passou pela cabeça. Pelo menos não até dar de cara com uma ilustração no nosso grupo do facebook, o papo sobre autoestima.
Esse post pareceu meio aleatório para MIM. Mas logo nos primeiros minutos, percebi que ele fazia muito sentido para um COLETIVO. Muitas mulheres estavam contando sobre a liberdade que era não usar sutiã durante o período de isolamento social por conta da pandemia de Covid-19. Isso, por sua vez, me fez parar pra pensar….
Afinal, minha experiência pessoal tá na contramão do coletivo. Porque, por aqui, sigo escolhendo usar sutiã sempre que tiro o pijama.
Pra mim tá muito claro que nesse período (e cada vez mais na vida) eu escolho modelos sem arame ou bojo, sempre com tecidos leves e confortáveis. Daqueles que me dão sustentação, mas não ME apertam.
Já tem alguns anos que eu desconstrui o uso do sutiã por obrigação ou pressão estética. Uso vários looks (como esse aqui) sem sutiã e não fico na neurose da demanda de um peito em pé, num mundo que chama peitos naturais de caídos (como já escrevi sobre aqui).
Ou seja, a parte estética do “usar ou não usar” sutiã não é uma questão presente pra mim. Mas isso não me impede de parar pra refletir sobre essa demanda. E até mesmo sobre “se” temos a verdadeira liberdade de não usar sutiãs livres de julgamento. A demanda por usar por tantas vezes chega de forma tão automática, que acho que precisamos conquistar a real liberdade de usar ou não, refletindo os ganhos e perdas dessa decisão para cada uma de nós.
Porque é muito fácil eu dizer que uso porque gosto, mas “gosto” foi construído socialmente. Nessa sociedade fui ensinada a considera-lá indispensável. Usando ou não, vale a pena pensar sobre isso. Agora vou me usar de exemplo: eu Joana, na prática, acho fisicamente mais confortável ter a sustentação de tecido segurando meu peito. No meu caso o suor debaixo dos seios me incomoda e a sensação do peito ser puxado pra baixo não é algo que levo bem. Por estar usando menos, uso inclusive mais creme para a pele que tá repuxando mais. Percebi isso justamente nesse momento em que, na teoria, não precisava estar usando nada.
Sempre defendi e defendo que a gente lembre que a estética dos peitos naturais existe e eles sentem a gravidade. Tá tudo certo o peito cair. Mas hoje, quando o assunto é sutiã, eu diria que escolho usar consciente de tudo que envolve essa decisão. Lembrando e repetindo que sei que parte dessa escolha se dá porque a sociedade nos educou a aprisionar os peitos femininos, a esconder mamilos de mulheres, a sexualizar essa parte natural de nossos corpos e criou um padrão estético em “pé”, que ou você usa sutiã ou entra numa de fazer uma cirurgia pra isso.
Por isso sou entusiasta da gente repensar o uso do sutiã coletivamente, mesmo eu escolhendo usar por conforto fisico. Cada vez mais vejo menos sentido em usarmos peças que não são confortáveis ou funcionais. Com ou sem isolamento social. Essa é uma hora pra gente repensar o que queremos consumir, vestir e apoiar.
Confesso que achei SENSACIONAL ver tantas mulheres no grupo e no instagram compartilhando como está sendo libertador não usar também. Aprendi que não tem tanto a ver com tamanho de peito e mais com o perfil da pessoa, do que ela sente. Afinal muitas mulheres com peitos grandes sentem muito conforto em não utilizar também, o que claramente não é o meu caso.
Por aqui não tem certo ou errado. Evitamos julgamentos sobre qualquer escolha: seja não usar sutiã, seja usar sempre ou até mesmo operar. Pouco importa.
E você, o que é mais confortável para você?
Usar ou não?
O que eu queria mesmo era abrir o DEBATE consciente sobre conforto.
Porque apesar de repensar, pra mim, ainda tá mais confortável usar, mas adorei ler tudo que tantas tinham pra falar!