Como diz bell hooks no texto Vivendo o Amor, “a arte de amar e a prática de amar começam com a nossa capacidade de nos conhece e afirmar.” Dito isso, Dia dos namorados e você pensou que eu vim aqui falar sobre ser solteira?
Também. Poderia lembrar aqui que existem muitas mulheres que gostam da vida de solteira, gostam de ser solteiras, de viver só. Não falo só, sem família ou amigos. É só, sem todas as questões de um relacionamento. Elas são mulheres fantásticas como todas as outras. Não são amarguradas ou decepcionadas como gostam de rotular. Mas não é sobre isso que eu queria falar.
Hoje é dia dos namorados. Eu to solteira, mas gostaria de falar do desejo de amar e ser amada.
Eu desejo amar e ser amada novamente. Viver um relacionamento repleto de reciprocidade. Café da manhã e um pouco de malícia e sensualidade. Receber flores sem ter feito nada, assim, por pura espontaneidade. Quero, sim, andar de mãos dadas na beira da praia. Conversar por horas a fio, dedilhar minhas mãos no seu corpo nu e faze-lo arrepiar como sentindo frio. E sorrir das coisas mais banais.
Já ouvi de homens e de mulheres que sou difícil demais, independente, inteligente, formada demais.
Me sinto numa entrevista de emprego onde meu currículo é sempre competente demais para o cargo simples de namorada. Ah, faltou indisponível, já ouvi também. Será que eu deveria ficar sentada na rede, lendo um livro, esperando o amor? Já falei para várias pessoas que desejo um relacionamento, sou solteira e tals. Acho que elas têm medo de me apresentar um amigo e eu acabe com o coitado do rapaz.
Ah esqueci: tem gorda demais.
Porque já houveram os caras que queriam me transformar em seus projetos de antes e depois. Ou queriam algo escondido, assim que ninguém pode saber. Além disso, sou mãe. Todos os passos que dou, avaliados meticulosamente por uma sociedade que não perdoa uma mãe que deseja namorar.
Mas não vim aqui tecer teses, vim aqui dizer estou no Team solteira porque ainda não encontrei o tal amor que todos dizem que quando parar de procurar, ele vai chegar.
Estou aqui, esperando. Acreditando na possibilidade de novamente amar em par. Não é fácil aguardar, como se fosse uma fila a qual você nem sabe qual é a sua posição. Mas enquanto aguardo, vou estudando, me conhecendo, vivendo, me afetando. Porque sigo acreditando que o amor é revolucionário.