Esse post não é sobre look do dia

Na semana passada eu aparecei nos stories do @paposobreautoestima usando um moletom tie dye que fez sucesso. E eu sei, o tie dye está super em alta por aí, inclusive esse que eu comprei foi na reposição. Sabe, quando você vai comprar, está esgotado e você pede para avisar quando chegar mais? Eu achei que isso não acontecia, mas aconteceu e eu acabei comprando antes de pensar.

Moletom: C&A | Short: Bonprix

Não me arrependi, tenho usado para tudo. Inclusive para sair de casa pela primeira vez desde que tudo começou. Então, apesar de ter começado como se fosse, esse não vai ser um post de look do dia. Vai ser um post para contar essa experiência estranha, meio frustrante e até mesmo triste.

Há 95 dias saí para caminhar e o mundo era outro. Desde então, vivi um pouco de tudo no isolamento. Para quem não sabe, há mais de 40 dias eu e meu noivo testamos positivo para o coronavirus. Depois de semanas de angústia, exames e hospital (porque eu tive a versão mais leve, meu noivo teve pneumonia), entramos no processo de recuperação, já negativos e com anticorpos. Voltei a fazer algumas coisas como ir ao mercado e levar compras para os meus pais, mas em nenhum momento me senti confortável para fazer nenhuma das coisas (superficiais ou não) que tenho vontade.

Me preocupei com minha auto-responsabilidade no coletivo e respeitei as minhas verdades durante esses quase 100 dias.

Hoje, saímos pela 1ª vez. A gente mora a meia quadra de distância do Aterro. Acordamos cedo, colocamos a máscara e descemos. Caminhar foi uma recomendação médica por conta do processo de recuperação do pulmão do Rodrigo. Fui com uma mistura de sensações. Preocupação com ele, animação por mim, medo, culpa e ansiedade.

Fantasiei com esse momento quase todos os dias, imaginava ter muitos sentimentos incríveis reservados para esse contato com o mundo exterior, mas confesso que não encontrei o que procurava. Não senti nada. A falta de confiança na estratégia de combate a pandemia não me deixou experienciar o relaxamento que eu sonhava lá fora. .

Tenho consciência que foi importante para a recuperação do Rodrigo, junto com a fisioterapia virtual. Também vi beleza no colorido do mundo. No entanto, ainda não foi gostoso como eu gostaria. Os pactos sociais agora não estão tão claros pra mim, sem informações e dados concretos fica difícil distinguir os fatos das especulações.

E o raciocínio lógico me impede de negar a gravidade da coisa a nível global. Hoje ficou claro que por mais que tenham flexibilizado o isolamento, nem todo mundo vai se sentir confortável em seguir o plano de um prefeito X. Aliás, como faz falta um ministro da saúde em quem confiar.

Alguns terão escolha de não voltar ainda, outros não. Mas o mundo que vi lá fora, não era o de antes.

Qual é o novo normal? Ainda não sei, mas talvez, eu ainda não esteja preparada pra ele. Enquanto isso seguirei cobrando uma gestão de crise mais séria pra nosso país e para o nosso povo, que na maioria dos casos não tem nem uma escolha a fazer, que precisa dar um jeito próprio de de proteger.

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