A Vida e História de Madam C. J Walker

Acabei de ver “A Vida e a História de Madam C.J. Walker” (4 episódios) na Netflix e essa série mexeu comigo em tantos temas que nem sei por onde começar. Ela me fez pensar, me fez elaborar. De perceber o quanto existe na minha vida, na vida de mulheres e, em especial de mulheres negras.

Para quem não sabe de quem se trata, Madam C.J. Walker foi uma empreendedora, registrada como primeira mulher negra que se tornou milionária na história dos EUA. Ela também foi filantropa e ativista social. E a série, que fala sobre sua trajetória, aborda muitos pontos.

Um dos primeiros pontos importantes abordados pela série é o cabelo.

É claro que, levando em conta que a empresa criada por Madam C. J. Walker era de produtos para cabelo, não tinha como a série não abordar como o cabelo tem seu lugar para as mulheres, em especial mulheres negras. Mas além disso, como muitas mulheres não se vêem femininas com seus cabelos curtos ou mesmo carecas. Nossa feminilidade está mesmo ligada ao cabelo?

Do ponto de vista simbólico, ele sempre foi visto como adorno feminino e de força masculina, vide a história de Sansão que perde a força ao ter seus cabelos cortados. Sempre foram sinais de força, situação social e beleza. Até hoje, mulheres são consideradas desleixadas pela forma como tratam seus cabelos.

O segundo ponto é sobre mulheres potentes e relacionamentos

Uma mulher forte e independente tem dificuldade de encontrar um parceiro ou alguém que entenda que estará sempre ao seu lado nos projetos. Ela tem seus objetivos e, caso ela seja hetero, nenhum deles é cuidar de um homem adulto. Ainda ouve-se muito que as mulheres independentes não casam porque não querem se submeter. Será que elas precisam ser submeter? Ou cansaram de ser “mães” de homens adultos?

Terceiro ponto: Se uma chega, várias outras também chegam.

Quando eu vejo alguém como eu em lugares sociais elevados, eu percebo que aqueles locais me pertencem. Ou seja, quando mulheres negras acessam cargos como advogadas, enfermeiras ou médicas, elas mostram a outras mulheres que é possível chegar lá. Representação importa.

Porque quando vemos a minisserie “A Vida e a Historia de Madame C J Walker” nos confrontamos com tantas coisas?

Porque é historia de uma mulher negra que se torna rica. E o fato de ter se tornado rica fez outras negras ricas? Claro que não. Mas inspirou com certeza. Michelle Obama, Oprah, Taís Araújo, Conceição Evaristo são exemplos de mulheres negras que inspiram todos dias.

A minissérie vale a pena por entendermos o sistema que exclui mulheres por seu cabelo, pelo seu tom de pele e como a luta é sempre mais cruel para mulheres negras.

Não somos inimigas, não deveríamos competir. Somos melhores como exército. Juntas. Uma levantando a outra, somos mais fortes.

Vejam a série, não percam! Em tempos de quarentena, ver série de gente forte, fortalece a gente…

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