“Somente quando temos coragem suficiente de explorar nossa escuridão, descobrimos o poder infinito da nossa própria luz” (Brene Brown – Livro A coragem de ser imperfeito)
O que vivo como mulher me faz pensar em como sou filha, mãe, tia, irmã, amiga, trabalhadora. Sou luz, sombra, virtude, vícios, monstro, poesia, adrenalina. Em geral, só queremos postar as fotos bonitas, lembrar dos bons momentos, dos sorrisos, das conversas sobre as boas coisas. Pensar em nossas vacilações, carências, erros, medos, o fundo do poço dói. Mas é aprendizado, tanto quanto os momentos felizes.
Aprendi em cada dor que tive, em cada desamparo, em cada fome, nas partidas, nas lágrimas.
Não é preciso alguém ir embora ou morrer para partir. Já vivi o adeus de alguém que estava ao meu lado, de amigos que amava, de gente que me excluiu, que não me acolheu. Mas eu também aprendi com minhas monstruosidades, minhas sombras, minhas ansiedades, até mesmo com os momentos em que não escutei o que me diziam, os que gritei minhas verdades (seriam elas verdades?).
É preciso elaborar meu brilho e o espaço obscuro em mim, equilibrar as forças e entender que sou a soma de todas as coisas, completa e não perfeita. Ufa, que bom isso! Às vezes, a realidade é opressiva, mas também libertadora. Como pode ser isso? Como podemos viver uma experiência opressiva e libertadora? Quando percebi que estou viva, me amo, reconheço o que de pior há em mim e sigo inteira, me sinto livre.
Como assim livre?
Livre de tantas gaiolas, de tantas prisões que eu e a sociedade colocam. Ao mesmo tempo que sou oprimida como mulher, como mãe, como trabalhadora, me liberto porque enxergo as barras que me prendem. Elas perdem a força quando não as temo mais. Morri ano passado, esse ano não morro mais, já dizia um profeta. E assim sigo um pouco mais em paz.